No contexto dos sessenta anos da inauguração de Brasília, este trabalho faz uma retomada desse símbolo central do imaginário brasileiro orientado por duas noções: a de que Brasília já surgiu como sua própria ruína; a de que a permanência desse estado arruinado, fissurado entre o ideário e a realidade, configura-se como uma espécie de insônia. Através dessas orientações da ruína e da insônia, este trabalho apropria-se de Brasília em três aspectos: a propaganda ideológica, a memória afetiva e a paisagem sonora. Para isso, utiliza ferramentas digitais com as quais reorganiza e manipula imagens, notícias e produções musicais que compõem o imaginário ao redor da capital brasileira, valendo-se da noção de apropriação como prática cultural típica da cultura digital e da experiência moderna e pós-moderna.
Além das apropriações que exibe, serve também como repositório crítico de informações sobre o tema. O projeto deu ainda origem a um conjunto de cartões-postais e um jornal impresso, frutos da apropriação e releitura de documentos históricos. O conjunto visa a constituir um modo sensível de acesso ao imaginário que compõe o símbolo-Brasília mantendo em evidência as perturbações que afetam a sua idealização. É, além disto, a componente prática da dissertação ''Êstes Construíram Brasília: uma (anti)celebração crítica dos 60 anos da capital brasileira'', desenvolvida por Caio Guedes no âmbito do Mestrado em Design de Comunicação na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2021.
A dissertação pode ser acessada aqui↗︎
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