FONOTECA
A construção de Brasília mobilizou o surgimento de uma cultura sonora ao seu redor. Na primeira parte deste arquivo estão reunidas quase 100 canções sobre a cidade, lançadas entre 1955 e 1965. Este conjunto inicial se organiza em quatro entradas: 1) canções caipiras, forró e baião; 2) sambas e marchinhas; 3) canções da Era do Rádio; e 4) hinos de elogio à cidade.
A seguir, encontram-se cinco faixas experimentais criadas em parceria com o artista Renato Castanhari↗︎, são elas: O Guarani, Sinfonia da Alvorada, Ecos, Poeira Original e Ruínas.
CAIPIRA, FORRÓ E BAIÃO
00'00'' - Vou Prá Brasília - Carlos Diniz
04'04'' - Pau de Arara na Lua - Ado Benattie Tonico do Joazeiro
06'43'' - Brasília - Pacheco Silva e Sanica
10'02'' - Homenagem a JK - Gordurinha
13'19'' - Pau de Arara - Luiz Gonzaga e Guio de Moraes
16'05'' - Pau de Arara - Luiz Bittencourt
18'23'' - Condangolândia - Ariovaldo Pires, Capitão Furtado e Zé Cupido
20'30'' - Pau de Arara de Minas Gerais - Luiz Gonzaga e Carlos Antunes
23'31'' - Pau de Arara - Paulo Patrício
26'05'' - Rojão de Brasilia - Jackson do Pandeiro
29'28'' - Saudação à Brasília – Godêncio
33'28'' - Brasília - Zé Micuim, Goiazinho e Goiás
36'10'' - Último Pau de Arara - Venâncio, Corumba e José Guimarães
39'14'' - Vida de Candango - Otacílio Ferreira
SAMBA E MARCHINHA
00'00'' - Pedreiro Waldemar – Blecaute
03'22'' - Isto Aqui o que é - Ary Barroso
06'14'' - Brabuletas de Brasília - Altamiro Carrilho, Miguel Gustavo e Carrapicho
08'40'' - Vamos Prá Brasília - Átila Bezerra, Sebastião Gomes e Waldir Ribeiro
11'13'' - Brasília - Jackson do Pandeiro e Altamir M. de Oliveira
13'37'' - Samba de Brasília - Geraldo e Carvalhinho
16'07'' - Dançando em Brasília - Waldir Azevedo
ERA DO RÁDIO
00'00'' - Samba de Brasília - Geraldo e Carvalhinho
02'57'' - Brasília - Rômulo Machado
05'06'' - Candango-dango - Élcio Alvarez e Cid Magalhães
07'44'' - Espelho de Brasília - Candango do Ipê e Jesus Schitini
10'45'' - Candango Feliz - Wilson Batista, Antônio Almeida e Jorge de Castro
12'54'' - Um Romance em Brasília – Blecaute
16'03'' - Exaltação à Brasília - Dilermando Reis e Bastos Tigre
HINOS E ELOGIOS
00'00'' - Brasília Capital da Esperança - Cid Magalhães e Ivo Santos
03'41'' - Brasília 21 de Abril - Waldomiro Ortêncio
07'11'' - Avante Brasília - José Saudo e J. Fernandes
09'58'' - Brasília A Capital da Esperança - Ariovaldo Pires
12'16'' - Hino à Brasília - Paiva Rezende
15'54'' - Hino Oficial de Brasília - Neusa França
19'50'' - Brasília A Capital da Esperança - Ariovaldo Pires e Henrique Simonetti
22'57'' - Brasília Menina Moça - Rômulo Paes, Aníbal Fernandes e Flávio de Alencar
26'33'' - Brasília - Dilermano Reis
OZYMANDIAS
09'23'' - A ópera O Guarani, de autoria de Carlos Gomes, foi o primeiro sucesso de uma obra musical brasileira no exterior. Apesar de ter sido lançada em Milão em 1870, a composição é familiar aos ouvidos da grande maioria dos brasileiros por ser o tema de abertura da Voz do Brasil, um noticiário estatal transmitido de segunda a sexta-feira em todas as emissoras de rádio do brasil. Na versão aqui apresentada o primeiro ato de O Guarani foi processado por um software de edição de áudio e sofreu distorções variadas, tornando-se progressivamente mais carregado de chiados até se reduzir a ruídos metálicos e atmosféricos.
MONUMENTUM AERE PERENNIUS
42'58'' - Esta peça é uma apropriação da Sinfonia da Alvorada, poema sinfônico composto por Tom Jobim e Vinicius de Moraes a pedido do governo de JK. Oscar Niemeyer planejava a sua estreia no dia 21 de abril de 1960, como parte da celebração da inauguração de Brasília, mas o concerto nunca ocorreu. A obra, dividida em 5 movimentos, descreve a paisagem inóspita do planalto central do Brasil, narra a chegada do pioneiro fundador da cidade, o êxodo dos trabalhadores, a vida nos canteiros de obra e termina com um canto de exaltação à nova cidade. Em procedimento semelhante ao que originou nossa primeira peça, submetemos a Sinfonia da Alvorada a um processo digital destrutivo que, com a ajuda de pedais de efeito e sintetizadores, modificou a gravação original, transformando-a em uma paisagem sonora carregada de ruído e reverberação.
ECOS
25’23'' - Ecos é uma peça sonora baseada no tema de abertura do programa de rádio estatal A voz do Brasil (o mais antigo da rádio brasileira, criado em 1935 durante o governo de Getúlio Vargas). O tema é o trecho inicial da ópera O Guarani, do compositor Antônio Carlos Gomes (1870), inspirada no romance homônimo do escritor José de Alencar (1857). São sessenta repetições seguidas do tema que fazem referências ao aniversário de 60 anos de Brasília. Ao longo dos seus 25 minutos de duração, o tema em looping sofre distorções variadas, sendo gradualmente corroído, restando, ao final, pura estática.
POEIRA ORIGINAL
4’17'' - Poeira original agrega fragmentos sonoros de uma caminhada feita sobre um terreno arenoso, uma gravação do rumor atmosférico de um deserto e ruídos brancos. No desenrolar da trilha foram desenhadas linhas de automação para modificar parâmetros em um delay ping-pong fora de compasso. Como consequência, criou-se esse lugar incerto, uma atmosfera na qual qualquer ação concreta parece se desfazer em pó.
RUÍNAS
2'51'' - Ruínas é uma miscelânea de ruídos: são sons de tempestades, explosões e estruturas colapsando. O procedimento foi fragmentar os áudios e comprimir exageradamente seus volumes, saturando cada uma das frequências para trazer à tona outros coloridos sônicos. O cenário que se pinta é distópico: é como mirar o fim do mundo onde tudo se despedaça e morre.